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África do Sul: Como a igreja está agindo diante dos protestos no país
14/07/2021 15:42 em Igreja

A situação na África do Sul é muito tensa em dois dos 11 estados da nação. Os primeiros protestos começaram na quinta-feira, 8 de julho. Mas o dano real começou em 12 de julho e continua até hoje.

Em entrevista exclusiva ao Guiame, o Pr. Brent Brading, que há anos deixou sua carreira promissora de engenheiro civil para se dedicar ao Reino de Deus, diz que muitos centros comerciais foram destruídos e roubados.

“Multidões de saqueadores furiosos estão roubando e queimando tudo. Não é seguro estar nas ruas e as pessoas estão com medo. Muitas perderão seus empregos e não terão acesso a alimentos e gasolina por semanas. É muito ruim”, disse.

O pastor da Outlook Church em Richard's Bay diz que no início era apenas um protesto político, mas que acabou se tornando em “pilhagem e ilegalidade”.

Brent, que está em KwaZulu-Natal, uma das regiões do conflito, diz que “não sabemos por quanto tempo essa situação vai continuar. O presidente ordenou que o exército ajudasse a polícia, mas ainda não vemos nenhum sinal disso”.

A crise na África do Sul está piorando. Até a publicação desta reportagem, já havia o registro de 72 mortos desde que os protestos começaram, em função da prisão do ex-presidente Jacob Zuma, depois que ele foi condenado, em 29 de junho, a 15 meses de prisão pela mais alta corte do país por desacato. Sobre ele pairam denúncias de corrupção ao longo de seu governo de quase uma década, que foi encerrado em 2018.

Com a condenação, os defensores de Zuma iniciaram uma série de tumultos, incêndios, violência e saques, fazendo com que a revolta seja a pior desde a década de 1990, antes do fim do apartheid, segundo relata o atual presidente, Cyril Ramaphosa.

Batalha espiritual

“A igreja reconheceu que esta é, na verdade, uma batalha espiritual”, explica o Pr. Brent. “Por décadas, nossa nação foi governada pela ilegalidade e pela corrupção. Os líderes políticos agiram com ilegalidade e agora o povo também o faz”.

“Quando o ex-presidente Zuma foi condenado a comparecer perante o tribunal, ele se recusou e foi condenado à prisão. Foi isso que deu início aos protestos. As pessoas o querem livre. A lei o condenou à prisão. Portanto, o império da lei e a ordem entraram em conflito com o espírito da ilegalidade. Essa é a raiz da batalha”, explica.

Casado e pai de dois filhos, Brent diz que, como igreja, “estamos orando para que Deus use essa crise para derrubar esse espírito de ilegalidade e trazer a nação de volta ao estado de lei e ordem. Portanto, estamos orando e confiando que Deus irá intervir”.

“Estamos respondendo como igreja enviando diretrizes de oração. Estamos realizando reuniões de oração. Estamos apoiando as forças policiais locais com incentivo para mostrar apoio. Algumas igrejas começaram a ajudar nas operações de limpeza”, relata Brent, que já esteve várias vezes no Brasil para treinamento de líderes.

Brent deixa claro que a mensagem para a igreja é que não está lutando contra carne e sangue, mas contra os poderes demoníacos, diz citando Efésios 6:12. “Devemos travar a batalha em oração e dar um exemplo de coragem, esperança e perdão. Não devemos ceder ao medo ou ao racismo. Devemos confiar que o Senhor usará essa crise para vencer uma batalha nesta nação. Precisamos então ser o exemplo de reconciliação e esperança”.

Desafio da nação é desafio da igreja

Professora de teologia na Unisa – Universidade da África do Sul, em Pretória, Marilyn Naidoo diz que “há um distanciamento ​​crescente entre ricos e pobres” o que gera uma desigualdade que deve ser resolvida. “A questão econômica deve ser atendida”, frisa a teóloga, dizendo quet ambém “está muito difícil para as igrejas, pois elas têm seus próprios desafios econômicos”.

Ela cita outras questões que culminaram na atual crise, como desigualdade entre classes sociais, raça e gênero.

Marilyn diz que as igrejas estão pedindo oração por meio das mídias sociais, já que agora não podem se reunir devido à pandemia de Covid. Ela diz que a igreja está ativamente envolvida na luta pela justiça, embora “alguns grupos fiquem apenas nas coisas espiritualizadas”.

Membro da Igreja Anglicana, ela lembra o papel do conhecido arcebispo Desmond Tutu, que dizia que “como igreja estamos sempre desafiando o governo sobre corrupção, justiça, etc.”.

A doutora em Teologia diz que “a igreja deve verdadeiramente representar os pobres entre nós e ser fiel ao seu chamado para ser igreja para todas as pessoas”.

Sobre a atual crise em seu país, Marilyn faz um apelo: “Por favor, ore por uma liderança piedosa, não por políticos famintos de poder na igreja; a igreja na África do Sul se tornou ‘preguiçosa’ e precisamos realmente viver nossa fé; por favor, ore por nós!”.

Mais pedidos de oração

Diante do atual cenário, o Pr. Brent iniciou um movimento de oração pela África do Sul e cita o Salmo 31:21 – “Louvado seja o Senhor, porque ele me mostrou as maravilhas do seu amor quando eu estava em uma cidade sitiada”.

Ele mostra os principais pontos que precisam de solução em seu país. “Estamos orando por nossa nação. Isso pode não ser politicamente correto, mas é o que fui levado a orar”, diz antes de elencar os seguintes alvos de oração:

1. Para que as comunidades de Township em torno de KZN e Gauteng, uma a uma, comecem a se voltar contra os líderes da quadrilha que estão incitando a multidão a protestar e saquear. Especificamente para coragem e integridade entre os líderes piedosos nessas comunidades para se levantar e liderar. Para proteção deles e para que suas vozes sejam amplificadas.

2. Para que o Tribunal permaneça firme e rapidamente rejeite este recurso e faça Zuma cumprir sua pena. Para que a lei e a ordem prevaleçam. Para Zuma aceitar sua sentença e emitir uma declaração de aceitação de sua sentença e pedir calma.

3. Pelo Presidente Ramaphosa, por sabedoria e coragem para liderar bem neste momento - por força para tomar as decisões certas. Pela sua equipe. Para quebrar este ciclo de presidentes sem lei. Que esta crise revelaria a ele quem no governo é a favor e contra a lei e a ordem.

4. Que isso não se torne uma batalha racial, mas uma batalha pela lei e pela ordem. Que Deus una o país em torno do desejo de lei e ordem e para acabar com a corrupção e a ilegalidade. Para não permitir que isso degenere em uma divisão racial. Para unir comunidades para permanecerem juntas.

5. Para que a polícia e os soldados operem com coragem e sabedoria. Para proteção deles. Para que operem como pacificadores e não como inimigos.

6. Para um sentimento de coração quebrantado tomar conta de nossa nação - com uma tristeza segundo Deus que deseja perdoar, unir e consertar. Não uma raiva crescente, ódio e militância.

7. Para que a Igreja se levante e ore e permaneça forte e governe em oração como nunca antes. Para orar com eficácia, poder e união. Para ser um exemplo e voz de esperança e cura para nossa nação.

Reavivamento

Pastor da Lighthouse to the Nations Church, Bruce Mc Alpine também conversou com o Guiame. Ele disse que o país passa por vários problemas, pelos quais a igreja precisa orar.

Morador de Joanesburgo, um dos centros dos conflitos, ele diz que os cristãos devem orar por questões políticas, como contra a corrupção, pelo governo, para que tenha sabedoria e autoridade, e pelo sistema de educação e justiça.

Ele também foca na parte espiritual: “Ore por um reavivamento que varra a África do Sul para desviar o coração das pessoas do pecado e da destruição em direção à verdade e reconstrução de nosso país. Ore contra os espíritos demoníacos da anarquia, medo, tribalismo e racismo que querem dominar nossa terra”.

Dedicado à plantação de Igrejas há mais de 20 anos, Mc Alpine trabalha em parceria com New Covenant Ministries International, treinando pastores em diversas nações, inclusive no Brasil. Ele pede às igrejas brasileiras que orem pelos pontos destacados em concordância com a igreja sul-africana.

Fonte: Guiame

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